Pesquisa realizada em 501 escolas públicas de todo o país,
baseada em entrevistas com mais de18,5 mil alunos,
pais e mães, diretores, professores e funcionários, revelou que 99,3% dessas
pessoas demonstram algum tipo de preconceito étnico-racial, socioeconômico, com
relação a portadores de necessidades especiais, gênero, geração, orientação
sexual ou territorial. O estudo, divulgado nesta quarta (17), em São Paulo, e
pioneiro no Brasil, foi realizado com o objetivo de dar subsídios para a
criação de ações que transformem a escola em um ambiente de promoção da
diversidade e do respeito às diferenças.
De acordo com a pesquisa Preconceito e Discriminação no
Ambiente Escolar, realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas (Fipe) a pedido do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 96,5% dos entrevistados têm
preconceito com relação a portadores de necessidades especiais, 94,2% têm
preconceito étnico-racial, 93,5% de gênero, 91% de geração, 87,5%
socioeconômico, 87,3% com relação orientação sexual e 75,95% têm preconceito
territorial.
(Fonte: Gazeta do Povo)
Pensando nisso, o Site Di Antunes convidou
três pessoas para debater sobre preconceito.
São elas: Camilla Lopes, Jaqueline
Claro e Roberta.
Camilla Lopes é transexual, e viu o
preconceito de perto e na pele.
Bem resolvida, é umas das melhores
pessoas para falar deste tema.
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Camilla Lopes |
1- O que para você a palavra
“PRECONCEITO” representa?
O preconceito pra mim se resume em uma só palavra
“IGNORÂNCIA”!
2- Você acredita que a dor causada pelo
preconceito, pode marcar para sempre a vida de uma pessoa?
Sem duvida alguma, ninguém quer ser menosprezado e humilhado,
a pessoa que passa por isso se revolta ,se isola ,perde a vontade de viver. E
dependo da forma que esse preconceito foi expresso, acaba marcando também a
vida dos familiares!
3- Vivemos em uma sociedade que caminha
4 passos à frente e 3 para trás. Acredita que um dia o preconceito possa
acabar?
Seria um sonho, mas a realidade nos faz crer que não, olhem
os negros que em meio a tantas leis continuam sendo vitimas, futuramente pode
ser que diminua mas acabar, isso é impossível.
4- Qual a maior dor que o preconceito
pode causar em uma pessoa que as pessoas não têm consciência?
As consequências, para quem sofre o preconceito são
terríveis, especialmente no lado psicológico: a tristeza e a revolta são
inevitáveis.
5- Devido à “pressão” que preconceito
causa. Muitas pessoas se suicidam. O que a sociedade precisa de fato entender
para abolir o preconceito de vez?
Na minha concepção a sociedade não precisa entender, mas sim
tem o dever de respeitar a diversidade de gênero dando os mesmos direitos a
todos.
6- A sua dor, em muitas vezes precisou
se sofrida sozinha? Você acha de extrema importância ter uma pessoa em quem
confiar para aliviar esta dor?
Sim muitas vezes pois a vergonha que você sente faz com que
você se cale ,mas ter alguém pra conversar sobre, faz com que minimize os
efeitos causados pelo preconceito.
7- E milhões de relatos, os primeiros
casos de preconceito que uma pessoa sofre é dentro da própria família. Essa
seria a mais dolorosa dor?
Isso é fato infelizmente. Sem dúvida alguma você não ter o
apoio da sua própria família torna tudo muito mais difícil, inclusive muitos
homossexuais acabam se suicidando por ser rejeitado por seus familiares, isso é
muito triste.
8- Comecei pedindo para definir a
palavra “PRECONCEITO”. Qual a palavra que a sociedade deve carregar no peito e
em suas atitudes? Por quê?
Respeito, pra que possamos ter uma boa convivência, sem ele
viveremos sempre nesse mesmo cenário de guerra entre o preconceito e sua vitima.
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Jaqueline Claro |
Jaqueline tem uma namorada e assumiu
sua orientação a anos, tem um lindo filho, se aceita e fez com que as pessoas a
sua volta a respeitem.
A Jaque tem uma visão madura sobre o
preconceito e irá compartilhar conosco seus pensamentos e opiniões.
1- Preconceito é o oposto de ...
AMOR e RESPEITO ao
próximo!
2- Existem
pessoas que dizem não ser preconceituosas, mas seus olhares provam o contrário.
Estes olhares maldosos, de certa forma, causam “dor”?
Dor? Não! Mas uma
tristeza causa sim. Pelo fato de não entender por que existe tantas
indiferenças das pessoas e de não entender como em pleno século XXI ainda
existem esses tipos de pessoas. Ou diria melhor: Primatas.
3- Qual sua história de preconceito que jamais
esqueceu? Qual foi seu sentimento quando passou? E quando recorda o que sente?
Por incrível que
pareça nunca passei por nenhum episódio de preconceito, mas é claro que sempre
os olhares maldosos existiam e isso me irritava.
4- Qual seu conselho para uma pessoa que sofre hoje
com o preconceito?
Existe um Deus que te
ama do jeito que você é, independente da sua raça, cor ou opção sexual, você
continuará sendo amado por ele. Então meu amigo (a) não sofra por isso.
Primeiramente não são as pessoas que tem que te aceitar. É você mesmo!
Se ame, amor próprio é
tudo! E não dê ouvidos há pessoas que precisam pisar e humilhar alguém para se
sentirem bem. Porque isso, não é felicidade, e sim, doença da alma!!
5- Você acredita que uma pessoa pode transformar uma
história de preconceito em lição de vida? Por quê?
Acredito plenamente. Tudo
nesta vida não acontece por acaso.
Sempre terá que existir alguém para passar por
experiências ruins pra virar lição de vida há outras pessoas.
Isso ajudará sim
muitas pessoas, mas ajudará mais se tiver familiares que amam e apoiam. Família
é fundamental para sentirmos amados e corajosos há enfrentar a sociedade sem
medo e de cabeça erguida
Não é a sociedade que tem que aceitar você, e sim você que terá que
aceitar a sociedade mesquinha e hipócrita do jeito que elas são.
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Roberta |
E para finalizar a
entrevista meu papo foi com a Roberta. Ela sofreu na infância com o preconceito
racial.
Isso poderia ter marcado
negativamente sua vida, mas a Rô mostrou para vida que colocar no coração coisas
boas, são bem melhores.
1- Defina o preconceito em apenas uma
palavra.
Ignorância.
2- Qual o tipo de preconceito sofreu na
infância?
Na infância sofri preconceito racial.
3- Como reagiu ao preconceito e qual
impacto ele pode ter causado em sua infância?
Eu não entendia o preconceito quando eu era criança, então,
muitas vezes, me sentia inferior, porém meus pais me ajudaram muito nessa época
e eu consegui com esse apoio me estruturar.
4- Existem tolos que acreditam que a
cor de pele define o caráter. O que pensar deste tipo de pessoa? O que diria
para uma pessoa tão limitada a ponto de pensar assim?
Eu sinto pena desse tipo de pessoas e eu diria que se essas
mesmas pessoas estivessem dispostas a conhecer o outro ela realmente saberia o
que é o amor, pois o mesmo coração que pulsa em mim pulsa no outro.
5- Pedi para definir o preconceito em
apenas uma palavra. Agora quero que defenda seu ponto de vista e ofereça uma
solução, para que um dia, o preconceito possa acabar.
Eu disse que o preconceito é ignorância e espero que um dia
isso possa ser combatido, precisamos aprender a cada dia com nossas diferenças
e principalmente na infância ser ensinado sobre a nossa cultura e
principalmente sobre o amor ao próximo. Como diz aquela frase de Nelson
Mandela: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua
origem ou ainda por sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se
pode aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.
No
mundo , pessoas são agredidas TODOS OS DIAS devido sua orientação sexual.
Negros são
ridicularizados e discriminados devido à cor de sua pele.
Religiosos
menosprezados devido à escolha de sua religião e em quem acredita.
Pessoas com menor
poder aquisitivo são tratadas como nada.
E quem disse que um
deficiente não poder ser eficiente?
Dentre outros tipos de preconceitos.
ATÉ QUANDO?
Quem disse que os
seus valores morais são melhores que os meus?
Que tal contrapor os
dois e enxergar os dois lados da moeda.
O que a sociedade precisa
de fato, é aprender o que realmente é o AMOR.
É lindo quando saem
das entrelinhas das redes sociais ou de grandes livros e são convertidas em
ATITUDES genuinamente verdadeiras.
RESPEITO, é entender
que aquilo que jamais gostariam que fizessem comigo e com os meus, não farei ao próximo.
DIGNIDADE é a forma
que qualquer cidadão de bem merece ser tratado. Afinal, todos somos dignos de
ir e vir, e sermos felizes.
Eu sempre digo que
existem diferenças SIM!
O que diferencia uns
dos outros é o CARÁTER. Uns tem, outros não.
E não existe um perfil especifico para isso.
Somos todos especiais
e merecemos receber: AMOR, RESPEITO E DIGNIDADE.
Você não precisa
sofrer preconceito para aprender o quanto ele dói.
Você apenas precisa
parar de causar a “DOR” em outras pessoas.
Não é engraçado rir daquilo que VOCÊ julga não ser o NORMAL.
Quando NORMAL, é RESPEITAR o próximo.
O preconceito é uma erva daninha. Muitas
vezes, fica enrustido em nosso subconsciente, mascarando os fatos à nossa
frente. Ouvir os outros e achar que podemos estar errados são fundamentais para
erradicá-lo de nossa mente.
(Comentário
Sergio Biagi Gregório)
Di Antunes.